14/01/2014

Derrubar mitos: Leishmaniose


A desinformação sobre a doença ainda aterroriza uma boa parte da população em geral, que automaticamente aponta o dedo aos cães infectados: a ideia de que os cães são os responsáveis pelo contágio é tremendamente errada e necessita urgentemente de ser desmantelada.

A leishmaniose é uma doença infecciosa causada por parasitas do género Leishmania: esses parasitas hospedam-se e multiplicam-se nas células que fazem parte do sistema imunitário do indivíduo.
Há dois tipos de leishmaniose: a tegumentar ou cutânea e a viscelar ou cazalar. A primeira caracteriza-se pelas feridas na epiderme: gradualmente, podem surgir feridas nas mucosas nasais, na boca e na garganta. A leishmaniose viscelar é uma doença sistémica que ataca órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea.

A transmissão é realizada por insectos hematófagos, conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. É o insecto que transmite a doença de um animal para outro: não é o cão, ou outro animal qualquer, que transmite leishmaniose para o Homem e sim o insecto infectado. O cão é, semelhante ao ser humano, um hospedeiro da doença, tornando-se injustificável as matanças indiscriminadas em nome do "combate à doença". Mesmo que não existissem cães, a leishmaniose persistiria nos locais em que o saneamento básico é (quase) inexistente.

Os transmissores da doença - os mosquitos infectados com o protozoário - preferem locais húmidos como jardins e quintas, tendo hábitos preferencialmente nocturnos, o que torna a melhor medida de prevenção o uso de coleiras repelentes e outros produtos com a mesma característica, bem como manter o animal em casa à noite.

A vacina contra a leishmaniose canina também já se encontra disponível, protegendo o animal da doença até 90%. Consulte o veterinário do seu cão para um diagnóstico e receber informações detalhadas sobre a vacinação.

Concluindo:

O cão, contrariamente ao que muitos consideram, não é transmissor da doença e sim o mosquito infectado com a Leishmania;
Apesar da inexistência de uma cura parasitológica, o cão pode levar uma vida normal mediante uma lista de cuidados especiais;
A vacinação, a utilização de repelentes e evitar passeios nocturnos diminuem o risco do animal ser infectado;
O abate não é e nunca será a solução para controlar a doença: informe quem está desinformado e poderá salvar vidas.


Imagem | Lucrezia Carnelos